São monumentos vivos do Brasil. Donos de saberes ancestrais, mas enraizados no cotidiano contemporâneo. O comércio ambulante que permitiu que mulheres escravas e livres sobrevivessem e tivessem voz. No quadro baiano tem acarajé e também tem poesia: “Todo mundo gosta de acarajé / O trabalho que pode ser feito, o que é…” (Dorival Caymmi). É nas ruas que o Rio de Janeiro está presente, diria o historiador da cidade e de sua encruzilhada Luiz Antonio Simas, portanto é nas ruas que baianos e baianos (sim!!!) encontram seu axé.
A partir de agora é lei: A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), certificou 25 baianas e baianos de acarajé cariocas, reconhecendo as competências para exercer a profissão, segundo os modos tradicionais. Receberam também o TUAP — Isenção de Taxa de Uso de Área Pública —, permitindo-lhes exercer suas funções sob a proteção da lei.
“O que é muito especial para a cultura carioca é que identificamos mais de 25 baianos e baianas de Acarajé, em conjunto com a Secretaria Municipal de Ordem Pública. Esses profissionais agora poderão realizar seu trabalho com amor, dignidade e respeito, sempre olhando para a cultura e a identidade”, afirma o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero. “Toda a força ancestral e o legado se unem.”
Alex Vieira, o Pai Pexa, veio da Baixada e há 2 anos e meio serve seu acarajé em eventos particulares, mas nunca na rua. Com a certificação em mãos, ele levará sua prancha ao Aterro Sanitário, no posto 3, durante os finais de semana. “Agora temos um documento que comprova e nos legitima para trabalhar nobremente e não ter que pagar para trabalhar, na grande maioria dos eventos privados temos que pagar para poder participar.”
Em 2022, a Prefeitura do Rio instituiu o “Baianas do Rio de Janeiro”, por meio de decreto, assinado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), com o objetivo de promover o comércio ambulante realizado por mulheres baianas e homens de acarajé como atividade representativa do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, cumprindo uma série de regras para preservar este tradicional negócios e reduzir a burocracia nas autorizações de trabalho.
Gerenciado pela Secretaria Municipal de Cultura, o programa atende as iguarias que, de forma autônoma, profissional e tradicional, produzem e vendem, em bandejas, exclusivamente comida típica baiana, feita com azeite de dendê: acarajé, mingau, beiju, cocada, pipoca , bolos tradicionais e outras delícias das chamadas comidas de bandeja, conforme procedimentos registrados no Livro do Conhecimento do Instituto Iphan (Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Um dos objetivos é reconhecer o ofício de Baianas do Acarajé e não deixar que ela seja descaracterizada e perca espaço na diversidade cultural brasileira. Ao realizar a atividade, a Baiana de Acarajé deverá portar a documentação prevista na legislação, em especial a Autorização de Uso de Área Pública e a carteira de identificação de Comércio Ambulante, emitida pela Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização (CLF), da Seop.
A SMC também pretende desenvolver projetos e estabelecer parcerias com o O objetivo de qualificar e ampliar a cultura da comida de mesa, possibilitando o conhecimento, a democratização, o resgate e a manutenção do valor histórico, cultural e gastronômico das baianas de acarajé.
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