Faz parte de qualquer boa viagem provar as iguarias típicas do lugar onde se está, mas nem sempre o típico se traduz em qualidade. Assim como no sudeste do Brasil temos deliciosas coxinhas e pães de queijo, versões gordurosas e murchas dessas delícias também podem ser uma realidade comum.
De vez em quando recebo mensagens de brasileiros que viajam para Uruguai ansioso para experimentar um chivito. O famoso x-tudão uruguaio é a mais famosa das comidas típicas do país, deixando de lado as óbvias como a empanada e o doce de leite. Também não é incomum ficar desapontado ao provar o famoso sanduíche que, desculpem os uruguaios, afinal é um sanduíche.
Porém, a busca pelo tradicional também pode ser gratificante, com versões bem executadas que buscam levar o popular à perfeição.
Para ajudar nesta descoberta dos sabores regionais, preparei um lista de cinco comidas típicas uruguaias nas melhores versões que encontrei na capital do país:
O lanche típico uruguaio é tão famoso por lá que virou até livro contando sua história. Em “Chivito”, de Alejandro Sequeira e Armando Olivera, você encontra receitas e a origem dos chivitos mais famosos do país.
O prato criado na década de 1940 em Punta del Este é encontrado em todas as partes do Uruguai e sua composição varia de lugar para lugar, mas basicamente não pode faltar: bife, alface, tomate e, claro, pão. Do minimalista ao exagerado, o chivito também pode levar queijo, presunto, bacon, ovo, azeitona, vinagrete, batata frita e até salada russa – a partir daí não há limites.
Aliás, muitos lugares tomam muito cuidado na porção de batata frita e no tamanho do pão para deixar a refeição ainda mais gigantesca. Até o chef Anthony Bourdain escreveu artigos sobre o sanduíche, mostrando a versão do Bar Arocena e ajudando ainda mais a aumentar a reputação do local.
Mas se tiver que investir em um chivito, minha versão preferida com certeza é a do República Rotiseria, servido apenas às quintas-feiras. O sanduíche inclui lomo (corte macio de carne bovina), pancetta, queijo danbo, alface, tomate, cebola, aioli e ovo. Tudo em perfeita harmonia num pãozinho delicioso.
Bar Arocena: Av. Arocena 1564, Montevidéu / Tel.: +598 2600 0483 / Horário de funcionamento: aberto todos os dias, 24 horas por dia.
República Rotiseria: Acevedo Díaz 1269, Montevidéu / Tel.: +598 2401 7547 / Horário de funcionamento: Terça a sábado, das 9h às 20h.
Simples assim, com apenas um “S”, como na grafia hispânica. Ao ouvir “um asado” as chances são grandes de que lhe seja servido um Asado de Tira, um corte transversal da costela bovina, de textura mais firme, mas muito saboroso. É um dos meus cortes preferidos e acompanha muito bem o vinho feito com a uva mais famosa do país, o tannat.
Quando se trata de parrilla, elas vêm em todas as faixas de custos e qualidades. A La Pulpería É frequentado por turistas e moradores locais. A casa acaba de passar por uma bela reforma em sua estrutura e serve um churrasco de excelente qualidade. Já o La Tira É um lugar muito simples e econômico, uma experiência rústica frequentada principalmente por uruguaios que vão comer o famoso corte de carne sentados em mesinhas na rua.
La Pulpería: Lagunillas 448, Montevidéu / Tel.: +598 2710 8657 / Horário de funcionamento: terça a sábado, das 19h à meia-noite; Domingo, das 12h às 16h.
La Tira Parrillita PalermoEndereço: Magallanes 1104, Montevidéu / Horário de funcionamento: quinta-feira, das 20h à meia-noite; sexta-feira, das 12h30 às 15h30 e das 20h à meia-noite; Sábado e domingo, das 12h às 17h30.
Fainá é herança dos imigrantes genoveses que desembarcaram no Uruguai. A versão uruguaia lembra muito a farinata, muito típica de Gênova. Uma massa fina que contém basicamente farinha de grão de bico, água, azeite e sal, assada no forno.
Amado pelos uruguaios, é servido em diversos lugares mais tradicionais, bares e pizzarias. Pode ser degustado na sua versão mais clássica, bem crocante e com apenas um pouquinho de pimenta preta no Bar Tasendeum local que já tem mais de 90 anos, próximo ao Teatro Solis.
Na Vermuteria Flores, o fainá pode acompanhar queijo e combinar bem com vermutes da casa. Em Punta del Este, o Pizzaria Atrevida Há uma versão mais audaciosa que serve um vistoso ovo frito com gema mole por cima e cibollete.
Bar TasendeEndereço: Ciudadela 1300, Montevidéu / Tel: +598 2900-3504 / Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 10h à meia-noite.
Vermutaria Flores: Miñones 455, esquina com Joaquín Nuñez, Montevidéu / Tel.: +598 9398-2211 / Horário de funcionamento: terça e quarta, das 18h30 às 2h; Quinta e sábado, das 18h30 às 2h30.
Pizzaria Atrevida: Ruas 8 e 9, próximo ao farol / Tel.: +598 4243 6038 / Horário de funcionamento: todos os dias, das 12h à meia-noite.
Muitas sobremesas uruguaias, como pudim de doce de leite, alfajor e panqueca de doce de leite, também são populares entre os argentinos, mas se há uma sobremesa que o Uruguai certamente pode chamar de sua, é o Chajá; uma espécie de bolo coberto com merengue, creme e pêssegos, que na maioria das vezes leva também doce de leite em uma das camadas.
Apesar de um pouco meigo e rústico, o chajá não poderia deixar de aparecer nesta lista. A sobremesa criada no norte do Uruguai, em Paysandú, pode ser degustada em todo o país, mas quem está em Montevidéu encontra a versão mais famosa na padaria Chajá Bistrô.
Chajá Bistrô: Blvr. 26 de Marzo 3516, Montevidéu / Tel.: +598 2622 1003 / Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9h30 às 18h; Sábado, das 9h30 às 13h.
O tradicional Confeitaria Carrera é responsável por mais uma sobremesa apreciada pelos uruguaios. Um pouco menos doce que o Chajá, o Masini tem duas fatias de pionono (uma espécie de pão de ló bem fininho e leve) intercaladas com chantilly e cobertas com uma camada de gema queimada, mais leve e perfeito para quem quer algo tradicional, mas menos açucarado. .
Confeitaria CarreraEndereço: Magallanes 1434, esquina Colonia, Montevidéu / Tel.: +598 2400 2859 / Horário de funcionamento: Segunda a sábado, das 9h às 20h; Domingo, das 9h às 14h.
*Os textos publicados por Insiders e Colunistas não refletem necessariamente a opinião da CNN Viagem & Gastronomia.
Sobre Giuliana Nogueira
Giuliana Nogueira é brasileira, psicóloga, fotógrafa e assessora de comunicação. Ela não é enóloga nem sommelierè, mas é enófila, especialmente apaixonada pelos vinhos uruguaios e pelo Uruguai. Ela mantém o Instagram @Instatannat, falando mais dos vinhos uruguaios do que dos próprios uruguaios. Sempre que pode, ele viaja para a terra dos nossos vizinhos, que sabem receber muito bem as pessoas.
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