Ó lúpus – conhecido cientificamente como LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico) – é uma doença inflamatória autoimune que pode afetar diversos órgãos e tecidos, incluindo pele, articulações, rins e cérebro. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que existam cerca de 65 mil pessoas com a doença no Brasil, sendo a maioria mulheres.
Uma doença auto-imune é aquela em que o sistema imunológico ataca por engano os próprios tecidos saudáveis do corpo. Embora as causas para esse comportamento do sistema imunológico ainda não sejam totalmente compreendidas, a principal suspeita é que esteja relacionado a fatores genéticos ou externos, como o uso de determinados medicamentos.
No caso do lúpus, segundo o Ministério da Saúde, fatores hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais podem estar envolvidos no desenvolvimento da doença.
“O lúpus tem maior prevalência em mulheres, provavelmente por causa do estrogênio, o hormônio sexual feminino”, afirma Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, ao CNN. “O estrogênio pode facilitar esse processo inflamatório, fazendo com que as mulheres tenham maior incidência de lúpus eritematoso sistêmico.”
Principais sintomas do Lúpus
Segundo o Ministério da Saúde, existem mais de 80 doenças autoimunes, e o lúpus é uma das mais graves. Portanto, é importante que o diagnóstico seja feito precocemente para iniciar o tratamento mais adequado. Nesse sentido, é fundamental saber identificar os sinais desde o início.
Você sintomas de lúpus Eles podem aparecer abruptamente ou desenvolver-se lentamente. A maioria dos pacientes apresenta sintomas moderados, mas a doença também pode se manifestar de forma leve ou grave. Entre os sinais mais comuns estão:
- Fadiga;
- Febre;
- Dor nas articulações;
- Rigidez muscular;
- Vermelhidão no rosto (erupção cutânea);
- Dificuldade ao respirar;
- Dor no peito ao respirar fundo;
- Sensibilidade à luz solar;
- Linfonodos aumentados;
- Perda de cabelo;
- Desconforto geral, ansiedade e mal-estar.
Sintomas específicos também podem aparecer dependendo da região do corpo afetada pela doença. É o caso da arritmia cardíaca (coração), dor de cabeça, convulsões e problemas de visão (cérebro), tosse com sangue (pulmão), cor irregular da pele (pele) e dores abdominais, náuseas e vômitos (trato digestivo).
Tipos de lúpus
Existem diferentes tipos de lúpus, que se caracterizam pelas suas manifestações e causas. São eles:
- Lúpus discóide: atinge a pele do paciente, causando lesões avermelhadas na face, pescoço e/ou couro cabeludo;
- Lúpus sistêmico: é o mais comum e se caracteriza por inflamação em todo o corpo do paciente;
- Lúpus induzido por drogas: também é comum e ocorre devido ao uso de substâncias ou medicamentos que podem causar inflamação – os sintomas são semelhantes aos do lúpus sistêmico;
- Lúpus neonatal: É um tipo raro e afeta recém-nascidos de mulheres com lúpus. Ao nascer, a criança pode apresentar erupção cutânea, problemas de fígado ou contagem baixa de células sanguíneas.
Como é feito o diagnóstico?
Diagnosticar o lúpus pode ser desafiador porque é uma doença que apresenta sintomas semelhantes aos de outras condições de saúde. “Chamamos o lúpus de doença mimetizadora, ou seja, pode mimetizar, simular, outra doença, tanto autoimune quanto contagiosa”, explica Loures.
Portanto, o diagnóstico diferencial é fundamental para iniciar o tratamento adequado e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das pessoas com lúpus. “O importante é investigar o histórico da pessoa, o histórico familiar, saber como começaram os sintomas e, a partir daí, solicitar exames”, completa o especialista.
Os principais exames que podem ajudar a diagnosticar o lúpus são:
- Exame físico;
- Testes de anticorpos;
- Hemograma completo;
- Raio-x do tórax;
- Biópsia renal ou cutânea;
- Análise de urina.
Como o lúpus é tratado?
Ó lúpus é uma doença que ainda não tem cura e, portanto, o tratamento visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa. Como explica Loures, o o tratamento é individualizado. “Por ser uma doença genética, varia de paciente para paciente, até mesmo entre pessoas da mesma família. Temos casos mais graves e outros mais leves e, logicamente, a terapia é feita de acordo com essas características”, afirma.
Segundo o Ministério da Saúde, em geral, o lúpus leve pode ser tratado com antiinflamatórios, corticoides tópicos para quem tem lesões de pele e medicamentos corticoides em baixas doses. Para o lúpus grave, pode ser indicado o uso de altas doses de corticoides ou medicamentos para reduzir a resposta do sistema imunológico do organismo (imunossupressores) e medicamentos citotóxicos (que bloqueiam o crescimento celular).
Porém, mais uma vez, o reumatologista ressalta: “Mesmo havendo orientações, o tratamento é individualizado, porque muitas vezes o paciente pode ter outras comorbidades ou pode vir com outras doenças imunológicas associadas”, explica.
Principais complicações relacionadas ao lúpus
Se não for tratado corretamente, o lúpus pode desenvolver complicações graves de saúde. “A maior preocupação do reumatologista é o rim”, diz Loures. “Pacientes que têm lúpus grave apresentam vários autoanticorpos e esse processo inflamatório pode causar danos aos rins e levar à insuficiência renal. Muitos pacientes têm que fazer diálise e até transplante renal”, acrescenta.
Além disso, se a doença atingir o cérebro, pode causar sintomas relacionados ao sistema nervoso, como acidente vascular cerebral, alucinações, alterações comportamentais, confusão mental, tontura e convulsões. Doenças como anemia e vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) também estão entre as principais possíveis complicações decorrentes do lúpus.
Para completar, segundo o Ministério da Saúde, o lúpus pode levar à pleurisia, uma inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e as costelas. Por fim, também pode causar, em alguns casos, inflamação dos músculos do coração, aumentando o risco de ataque cardíaco.
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