A Polícia Federal (PF) solicitou a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar suposta prática de desvio de dinheiro de emendas parlamentares do deputado Chiquinho Brazão, preso sob suspeita de ser um dos mandantes da morte de a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.
Segundo a corporação, há “fortes indícios” de uma suposta destinação de recursos oriundos das alterações para “finalidade de obtenção de vantagens indevidas”.
Além de Chiquinho, os investigadores também citam supostos desvios de emendas do ex-deputado Pedro Augusto Palareti (PP-RJ).
A investigação aponta a participação de Robson Calixto Fonseca, o Peixe, preso no dia 9 de maio por envolvimento nos assassinatos.
Os desvios suspeitos foram encontrados por meio da análise de dados do seu celular. As mensagens mostram Peixe discutindo a suposta distribuição de emendas com assessores de deputados.
Segundo a PF, o Peixe atuaria nos bastidores na “defesa dos interesses espúrios” da família Brazão e buscaria “arrecadar, para si, bens potencialmente incompatíveis com suas fontes legais de renda”.
A informação consta de um relatório que analisa o material apreendido na operação do final de março que prendeu os suspeitos de serem os responsáveis pelas mortes de Marielle e Anderson.
O documento foi enviado nesta quinta-feira (23) ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do caso na Corte.
A CNN entrou em contato com os advogados de Robson Calixto e Domingos Brazão, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O advogado de
Chiquinho disse que não agiu sobre o assunto. A reportagem tenta contato com Pedro Augusto.
Suspeitas
Os desvios suspeitos foram constatados por meio da análise de dados do celular de Robson Calixto Fonseca, o Peixe, preso no dia 9 de maio por envolvimento nos assassinatos.
Peixe é assessor de Domingos Brazão no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).
Segundo a PF, ele intermediou a destinação de emendas da Câmara dos Deputados a entidades do Rio de Janeiro, de onde solicitou repasses em seu benefício, por meio de empresa cuja filha é única sócia.
Segundo a corporação, entre os benefícios obtidos com os desfalques estavam valores que “fluem para as contas da empresa” da filha do assessor.
“Foi possível estabelecer o papel de PEIXE como homem que atua nos bastidores na defesa dos interesses espúrios da Família BRAZÃO, a fim de arrecadar, para si, bens potencialmente incompatíveis com suas fontes legais de renda”, diz o relatório.
Valores
Por meio de trocas de mensagens no celular do Peixe, os investigadores mapearam negociações de valores. Em uma das negociações, ele conversa com um assessor de Chiquinho na Câmara e pede que R$ 2 milhões em emendas sejam direcionados ao representante de uma ONG ligada à área esportiva.
O pagamento foi feito em novembro de 2023. Semanas depois, Peixe liga para o representante da ONG beneficiada pedindo R$ 100 mil, dizendo que está “sem dinheiro”.
Para receber o valor, Peixe fornece os dados bancários da empresa da filha.
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