Eleita deputada federal por Mato Grosso com 70.294 votos em 2022, Amália Barros (PL) morreu na madrugada deste domingo (12) aos 39 anos. Formada em jornalismo, trabalhou como produtora de televisão no Grupo Bandeirantes de Comunicação. Aos 20 anos, perdeu a visão do olho esquerdo devido a uma infecção (toxoplasmose) e, após passar por 15 cirurgias, precisou retirá-lo e optou por usar uma prótese ocular. A experiência a levaria à política nos anos seguintes.
A parlamentar, que também atuou como vice-presidente do PL Mulher, era amiga e uma das aliadas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Amália se dedicou à aprovação da Lei 14.126/2021, que classificou a visão monocular como deficiência sensorial. Em 2021, fundou também o Instituto Amália Barros, posteriormente rebatizado de Instituto Nacional das Pessoas com Visão Monocular, que fornece próteses oculares e assistência social aos monóculos.
No ano passado, Amália ficou conhecida nacionalmente depois que Michelle pediu que ela retirasse a prótese ocular antes de falar durante evento do PL Mulher em João Pessoa (Paraíba). Depois que o parlamentar retirou a prótese, a ex-primeira-dama guardou o objeto no bolso.
“Ela agora vai te contar por que é uma mulher que faz as coisas acontecerem. Mas eu quero você sem próteses. Adoro vê-la sem prótese, gente. Eu sei que esse é o trabalho dela, amigo. Deixe-me ficar de olho nela”, disse Michelle na época.
A ex-primeira-dama foi criticada nas redes sociais pelo episódio, mas a própria Amália saiu em sua defesa na altura, afirmando não se sentir constrangida com o pedido. “Minha relação com Michelle é uma relação de amizade, de intimidade. Tirar minha prótese nunca vai me envergonhar”, disse ela.
Amália nasceu em 22 de março de 1985, em Mogi Mirim, a 170 quilômetros da capital paulista. Filha de Maria Helena e Albino, Amália era a caçula da família, tendo apenas um irmão seis anos mais velho, João Manoel. Em seu livro, Se Enxerga (2021), a deputada diz que durante sua infância e adolescência foi “uma menina que as pessoas chamavam de mimada”.
“Estudei nas melhores escolas da minha região, tinha roupas da moda, aos 18 anos ganhei carro, viajei algumas vezes para o exterior. Tudo estava indo muito bem e eu tinha uma vida sem grandes problemas ou frustrações. Ele estava feliz, ele estava! mas não estava completo”, relatou no capítulo introdutório da obra.
O livro continua com Amália narrando o diagnóstico de uveíte, que a levou a perder a visão do olho esquerdo, o deslocamento da retina, que a levou à mesa de operações uma dezena de vezes, a hepatite médica, que surgiu devido ao tratamento médico, um relacionamento abusivo, entre outros contratempos.
Amália utilizou o drama da sua vida como fio condutor de uma obra que, ao longo de 42 capítulos, procura ajudar o leitor no seu desenvolvimento pessoal. “Hoje, sem rim, sem olho, mesmo com ‘partes faltando’ no corpo, sou uma pessoa completa”, escreveu ela.
Na Câmara dos Deputados, o parlamentar é autor de um projeto de lei complementar, de oito propostas de emenda à Constituição e de 14 projetos de lei. Dois de seus projetos foram aprovados no ano passado e aguardam avaliação no Senado. Um trata da disponibilização de profissionais especializados para alunos com deficiência nas escolas, enquanto o outro institui o dia 23 de abril como o Dia Nacional de Conscientização sobre a Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP).
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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