A China representa um risco genuíno para a segurança cibernética do Reino Unido, disse nesta terça-feira (14) o chefe da agência de inteligência britânica GCHQ. A avaliação do líder é que a Rússia e o Irão representam riscos imediatos, mas Pequim será o desafio de uma época.
Nos EUA e em toda a Europa há uma ansiedade crescente relativamente às alegadas actividades de espionagem chinesas. O governo do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak é a principal voz de acusação contra as autoridades chinesas, que negaram todas as acusações.
Na segunda-feira (13), Sunak afirmou que os britânicos enfrentam “um eixo formado por países autoritários, como Rússia, Irã, Coreia do Norte e China”. Avisos que também vieram da chefe do GCHQ, Anne Keast-Butler.
“Como disse o primeiro-ministro, os próximos anos serão perigosos e verão muitas mudanças”, disse Kest-Butler numa conferência de segurança em Birmingham, centro de Inglaterra.
No seu primeiro grande discurso público desde que foi nomeada diretora da agência no ano passado, ela afirmou que as ameaças da Rússia são agudas e podem ser sentidas por todos os países, com preocupação crescente na relação entre o serviço de inteligência russo e o Kremlin com os seus aliados. E que o Irão se manteve agressivo no espaço virtual, associando grupos ligados a Teerão a ataques dirigidos a vários países. Mas ela disse que a China era a sua prioridade número 1.
“No ciberespaço, acreditamos que as ações irresponsáveis da República Popular da China enfraquecem a segurança da Internet como um todo”, disse ele.
As declarações de Keast-Butler ecoam o que já foi dito por outras duas agências de inteligência britânicas, conhecidas como MI5 e MI6, e também por estruturas semelhantes nos EUA.
O Diretor Nacional de Segurança Cibernética dos EUA, Harry Koker, disse na conferência que os hackers militares chineses estavam evitando as defesas americanas no ciberespaço e visando os ativos do país em uma escala “sem precedentes”.
“Num cenário de crise ou conflito, a China poderia usar as suas capacidades instaladas de cibersegurança para perturbar a infraestrutura civil ou atrasar as ações militares dos EUA”, disse ele.
No mês passado, Sunak afirmou que atores ligados ao Estado chinês levaram à criação de “campanhas cibernéticas maliciosas” contra parlamentares britânicos.
E na semana passada, o primeiro-ministro afirmou que um “ator maligno”, que a mídia britânica disse ser a China, citando fontes governamentais, provavelmente causou danos ao sistema de pagamentos utilizado pelos militares britânicos. Acusações que Pequim classificou de “absurdas”.
Na segunda-feira (13), três homens foram julgados sob a acusação de ajudar o serviço secreto de Hong Kong, no Reino Unido. Outros dois, incluindo um antigo conselheiro parlamentar, enfrentam acusações de espionagem para a China.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse em entrevista coletiva nesta terça-feira (14) que os britânicos causaram polêmica com alegações sobre espiões chineses e ataques cibernéticos.
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