Os investimentos classificados como ESG, que seguem indicadores ambientais, sociais e de governança, já representam mais de um terço do total de ativos sob gestão e podem chegar a US$ 53 trilhões (cerca de R$ 273 trilhões) até 2025, segundo pesquisa da Bloomberg Intelligence.
Uma empresa com uma classificação ESG fraca pode encontrar barreiras ao procurar investimento externo, uma vez que os relatórios das agências de classificação são utilizados pelos investidores para informar as suas decisões.
Empresas que não obtêm boas pontuações ESG tendem a ser excluídas de fundos e índices ESG, algo que já acontece no Brasil, por exemplo.
Com as alterações climáticas a materializarem-se tragicamente, as responsabilidades ambientais, sociais e de governação das empresas são cada vez mais exigidas por diferentes públicos, para além dos investidores, como clientes, colaboradores, comunidades e entidades reguladoras.
Os conselhos de administração das empresas devem melhorar o seu desempenho em relação ao ESG e à sustentabilidade em geral, recrutando membros com experiência especializada e repensando a alocação de recursos, recomenda a consultoria multinacional de gestão e auditoria EY.
“As organizações terão de identificar novas fontes de capital para desenvolver produtos e serviços novos e mais sustentáveis”, afirma num artigo sobre o seu inquérito anual de prioridades, que aborda a necessidade de repensar o papel, a composição e a estrutura dos conselhos de administração.
“É mais importante do que nunca que os Conselhos sejam compostos por um conjunto diversificado de pessoas com uma ampla gama de experiências, habilidades e contextos. Dados os desafios específicos de sustentabilidade que enfrentam, terão de procurar membros com experiência nas áreas ambiental, social e de governação”, afirma a EY.
Os membros dos conselhos de administração devem ser capazes de identificar as principais tendências nos investimentos ESG e compreender como podem afetar a capacidade da empresa de obter financiamento e, com esta informação, procurar influenciar as decisões da gestão de topo sobre a alocação de recursos.
Em algumas empresas, pode ser necessária a criação de um Comitê Estratégico de Sustentabilidade dedicado a garantir que as decisões relacionadas à sustentabilidade estejam vinculadas à estratégia de negócios da empresa.
Outra recomendação é que a estrutura de remuneração dos executivos contenha condições de pagamento vinculadas ao alcance das metas de sustentabilidade – uma forma explícita de influenciar comportamentos, decisões e responsabilidades para alcançar ambições nas esferas ambiental, social e de governança, em um curto período de tempo. e longo prazo.
Uma medida essencial é a publicação de Relatórios de Sustentabilidade confiáveis e transparentes, que possam ser comparáveis com os de anos anteriores e com os de outras empresas do mesmo segmento de mercado.
Tais documentos são necessários para que os conselhos de administração e os seus investidores tenham uma ideia mais precisa de quais os investimentos que estão no caminho de uma economia com baixas emissões de gases com efeito de estufa e de combate à emergência climática.
Na União Europeia, a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da UE – CSRD) regula o formato de divulgação de informações ESG, assim como os órgãos reguladores exigem informações financeiras há muito tempo.
No Brasil, um novo padrão para divulgações financeiras relacionadas a eventos climáticos extremos está sendo preparado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disso, a adoção de uma nova norma de divulgações financeiras sobre sustentabilidade será obrigatória a partir de 2026.
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