Nestlé, maior compradora de café do Brasil, planeja investir R$ 1 bilhão até 2026 na ampliação da capacidade de produção, inovações e ampliação das vendas fora de casa das linhas Nescafé, consolidando a marca como veículo de produtos de maior valor agregados em forte expansão no país.
Criada no Brasil inicialmente para vender café solúvel, hoje a Nescafé conta com uma variedade de produtos de maior qualidade e busca captar consumidores cada vez mais jovens e que desejam novas experiências com a bebida, pagando mais do que pagariam por uma xícara tradicional.
A Nestlé não divulga a divisão da alocação dos investimentos, mas parte será gasta na ampliação de máquinas para consumo fora de casa (B2B) com a marca Nescafé, já que a empresa aposta em replicar o consumo de produtos alimentícios em casa. maior valor em cafeterias ou escritórios do país, maior consumidor global de café depois dos EUA.
“Vivemos uma expansão no consumo de café premium, de maior valor agregado, o que está sofisticando o consumo de café no Brasil. Estamos trabalhando com a marca Nescafé, de grande consumo, para que essa ‘premiumização’ seja democrática”, disse Valeria Pardal, diretora executiva da Cafés Nestlé, à Reuters.
Ela lembrou que a fábrica da empresa em Araras (SP), que há cinco anos tinha como foco o café solúvel, hoje produz café torrado e moído de alta qualidade, cappuccino, entre outras bebidas. “E agora estamos trabalhando com cápsulas compatíveis com Nespresso”, lembrou ela.
Com os investimentos, a capacidade de inovações e lançamentos deverá aumentar, dando mais flexibilidade produtiva no país à líder global do setor, que também exporta do Brasil para 56 mercados.
VALOR ACRESCENTADO, JOVEM
Para se ter uma ideia do potencial do mercado de maior valor agregado, atualmente as vendas de café no Brasil giram em torno de 85 bilhões de reais por ano, com receitas obtidas fora de casa, de maior valor agregado, respondendo por uma fatia de 65 bilhões de reais , embora as pessoas consumam mais xícaras em casa, disse Rodrigo Maingue, diretor executivo da Nestlé Professional.
“O consumidor final aprende a tomar café da melhor qualidade fora de casa, diferentes sabores, métodos de preparo, agora até café gelado, e começa a replicar em casa. As tendências começam fora de casa e se reproduzem dentro de casa”, disse ele.
Segundo ele, a Nestlé tem como meta dobrar o número de máquinas instaladas em ambientes para consumo de café fora de casa em quatro anos, ante as atuais 22 mil unidades já instaladas. Essas máquinas moem grãos da mais alta qualidade na hora, garantindo uma bebida melhor.
“Nossa expectativa de crescimento para os próximos quatro anos é de 25% ao ano no consumo fora de casa… isso por meio de investimentos em máquinas, serviços e tecnologia”, destacou.
E, no varejo, a empresa também projeta aumentar as vendas anuais acima do mercado geral, na faixa de 13% e 15% ao ano nos próximos quatro anos, com vendas de produtos de maior valor agregado, à medida que o mercado cresce. o café é altamente maduro no país, com a bebida presente em 97% dos lares brasileiros.
“O brasileiro consome de quatro a seis xícaras de café por dia, é muito. Mas vamos trabalhar para que esse copo seja de maior qualidade, essa é a nossa missão, esse produto pode ser uma bebida pronta, um Nescafé Gold, um produto especial torrado e moído”, disse Pardal.
A receita do varejo para todo o mercado de café no Brasil deve aumentar entre 5% e 6% ao ano, em comparação aos atuais 85 bilhões de reais, projetam os executivos.
O diretor destacou que os jovens estão tomando café muito mais cedo, sendo que a faixa etária abaixo de 24 anos cresce o consumo dez vezes mais em relação aos demais grupos de consumidores.
“Isso é algo muito novo para a categoria e se acelerou com a chegada das cafeterias ao Brasil. Eles tomam café gelado, café com creme, café com caramelo”, disse o executivo, lembrando que esse é o caminho para que os jovens se tornem mais tarde consumidores de café puro de qualidade.
“Antes falávamos que o café era um estimulante, hoje dizemos que o café é uma xícara de prazer, as pessoas gostam de tomar café e compartilham diferentes métodos de consumo.”
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