Respondentes por 25% da produção calçadista do país, as indústrias gaúchas foram diretamente impactadas pelas enchentes que atingiram o estado nas últimas semanas. Além de grandes empresas, como Grendene (GRND3) e Vulcabras (VULC3), o setor é formado por empresas dos mais diversos portes, desde artesãos tradicionais até pequenos negócios.
Exatamente essas empresas menores foram as mais atingidas. Segundo Pedro Bartelle, presidente da Vulcabras, a empresa, apesar da ligação histórica com o Rio Grande do Sul, concentra atualmente a maior parte de suas operações na região Nordeste. Assim, o estado representa cerca de 5% das vendas da empresa.
Contudo, isso não significa que tenha passado sem sentir os efeitos das cheias. A empresa possui uma unidade em Parobé, a cerca de 100 km de Porto Alegra, que foi impactada.
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Fabricante de calçados ajuda vítimas e busca recuperação
Segundo o executivo, alguns funcionários enfrentaram maiores dificuldades e foram auxiliados pela empresa.
A empresa também mobilizou equipes de pintura e reconstrução para ajudar na reconstrução de estabelecimentos que revendem marcas como Olympikus.
Além disso, as cobranças para compradores da região foram suspensas, como um esforço para auxiliar na reconstrução e retomada dos negócios na região.
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Embora estime que seja possível as empresas regressarem à atividade dentro de 30 dias, graças à resiliência do setor, Bartelle acredita que os negócios demorarão mais tempo a recuperar.
Próximos passos
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que sejam necessárias medidas de apoio financeiro para a reconstrução de mais de 7 mil imóveis (a estimativa anterior era de 5 mil). Para isso, a entidade lançou o Movimento Próximos Passos RS.
“Somos um setor intensivo em mão de obra. São milhares de pessoas que vivem da atividade. A reconstrução, antes de mais nada, da vida dessas pessoas, é o nosso principal objetivo com a campanha. É com base na dignidade e nas condições de moradia das famílias que dependem da cadeia calçadista que teremos todo um setor restabelecido”, comenta o presidente executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
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Num segundo momento, há a perspectiva de mobilização para buscar financiamento e apoio para a retomada dos negócios do setor. Os executivos dizem que será importante fazer um esforço para aumentar os incentivos e as preferências temporárias para a região.
Garantia de emprego
Entretanto, focar nos colaboradores afetados e garantir o emprego tem sido prioridade para a Calçados Beira Rio, que produz marcas como Vizzano, Beira Rio e BR Sport, entre outras.
A empresa impactou duas unidades fabris, uma em Igrejinha e outra na Roca Sales. O primeiro apresentou pequeno acúmulo de água, conforme explica Rodrigo Argenta, vice-presidente da Calçados Beira Rio, e resultou em perda de produtos na etapa final de embalagem.
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Os danos à segunda unidade, porém, foram mais graves. A fábrica foi tomada pelas enchentes e perdeu produtos de produção. Máquinas também foram afetadas, mas a empresa já está em processo de limpeza e recuperação.
“Fizemos um trabalho rápido para iniciar a limpeza e restauração desta unidade e nos últimos dias já iniciamos o processo de corte”, afirma Argenta, que já espera a retomada da produção muito em breve. O estoque foi economizado com a retirada dos produtos para o segundo andar da unidade, sem causar nenhum prejuízo aos clientes, afirma o executivo.
Mobilização para reconstrução
O sector foi especialmente atingido pelas chuvas, pois concentrou grande parte da sua produção exactamente onde os problemas climáticos eram mais graves.
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Segundo Cristine Grings Nogueira, CEO da Piccadilly, a mobilização pública é importante para que as empresas possam se reerguer e não deixarem de existir.
“Muitas delas são pequenas empresas que não possuem recursos tão significativos, então certamente precisamos de uma mobilização pública e privada muito robusta para que muitas dessas empresas não deixem de existir e possam receber assistência para que o nosso estado efetivamente não tenha um volume número importante de desempregados ou mesmo de pessoas que decidem migrar para outras regiões”, destaca o executivo.
A empresa também impactou Igrejinha, com a perda de itens como matérias-primas e maquinários. A ação teve como foco, porém, ajudar 20% dos funcionários da Piccadilly que perderam bens. Fora da empresa, o executivo menciona o impacto logístico enfrentado tanto na cadeia de suprimentos quanto em parceiros, como ateliês.
“Tentamos mapear o cenário de forma muito clara para que possamos apoiar melhor a nossa cadeia de parceiros e assim mitigar os impactos da melhor forma possível e garantir que a nossa operação acabe não sendo prejudicada à primeira vista. para frente”, comenta, destacando que o cenário ainda é muito crítico.