O Brasil é o país com maior prevalência de depressão, segundo o Ministério da Saúde. A doença é a mais associada ao suicídio, segundo o ministério. No país são registrados 14 mil casos por ano, o que equivale, em média, a 38 mortes por dia. Diante disso, a campanha Setembro Amarelo busca aumentar a conscientização sobre a depressão e prevenir o suicídio.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil é de 15,5%. Os fatores de risco incluem histórico familiar, transtornos psiquiátricos relacionados, estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, traumas psicológicos, conflitos conjugais, mudança repentina nas condições financeiras e desemprego. Além disso, há evidências que indicam que a doença pode ter causas genéticas.
“A depressão pode se manifestar de forma sutil e variar de pessoa para pessoa, mas, em geral, os primeiros sinais envolvem uma mudança persistente de humor”, afirma Jacqueline Mazzoni, coordenadora adjunta do curso de psicologia e coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia na Universidade da Cidade de S. Paulo (Unicid), na CNN. “As pessoas podem começar a sentir-se tristes ou vazias, com perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram agradáveis”, acrescenta.
Em geral, os primeiros sinais de depressão podem incluir sintomas como:
- Desânimo e sentimento de tristeza, na maioria dos dias;
- Sentimento de culpa ou inutilidade;
- Falta ou diminuição de interesse ou prazer por assuntos ou atividades que antes eram prazerosas;
- Dificuldade de socialização;
- Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
- Alterações no apetite (que podem levar à perda ou ganho de peso);
- Fadiga;
- Dificuldade de concentração.
Em alguns casos, pode haver sintomas físicos relacionados à depressão. É o caso de dores de cabeça frequentes, dores musculares e articulares, problemas digestivos (dores de estômago ou prisão de ventre) e cansaço extremo. “Esses sintomas muitas vezes são difíceis de associar à depressão e, por isso, podem passar despercebidos ou serem tratados isoladamente. Por isso, a terapia também desempenha um papel importante, ajudando as pessoas a compreender a relação entre seus sintomas físicos e emocionais e a desenvolver formas de lidar com eles”, afirma Mazzoni.
“A depressão é um transtorno multifacetado. Apesar de terem critérios diagnósticos bem definidos, as pessoas podem manifestar diferentes formas de depressão em termos de sintomas e intensidade”, reforça Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, ao CNN.
Sinais de alerta mais sérios de depressão
Segundo Kanomata, qualquer sintoma de depressão que se manifeste de forma mais intensa torna-se um sinal de alerta da maior gravidade da doença. “O apetite muito grande, a ponto de a pessoa ter um ganho de peso significativo, levando a patologias como diabetes, colesterol alto e fígado gorduroso, é uma delas. O contrário também acontece, quando a pessoa perde o apetite, pula várias refeições e começa a perder peso, podendo evoluir até para desnutrição e carência vitamínica”, explica o especialista.
Em geral, segundo as fontes consultadas, os principais sinais de alerta graves para a depressão incluem:
- Desesperança profunda;
- Isolamento social;
- Incapacidade de realizar tarefas diárias;
- Queda acentuada no desempenho em atividades que antes eram executadas com facilidade.
“A questão da falta de autocuidado também é um sério sinal de alerta e pode ser bastante comprometida, como deixar de fazer compras para a casa, deixar de limpar a casa, além da falta de higiene pessoal, como tomar banho , escovar os dentes e pentear os cabelos”, enumera Kanomata. “Eventualmente, pessoas que possuem doenças como hipertensão, entre outras, podem deixar de tomar medicamentos ou de agendar consultas médicas. Enfim, a pessoa deixa a vida toda paralisada”, explica.
Em casos graves de depressão, também pode acontecer que a pessoa passe a ter ideação suicida, ou seja, pensamentos recorrentes relacionados à própria morte como solução para a angústia e tristeza sentidas.
“Os sinais de ideação suicida incluem aumento do isolamento social, falar sobre morte ou suicídio, procurar maneiras de se machucar, como armas ou medicamentos, e mudanças drásticas de comportamento, como dizer adeus repentinamente a amigos ou familiares”, diz Mazzoni. .
“Outras pistas incluem falta de esperança em relação ao futuro, falar sobre ser um “fardo” para os outros ou mostrar uma calmaria repentina após um período de depressão, o que pode indicar que a pessoa tomou a decisão de acabar com a vida”, acrescenta. o coordenador.
Como procurar e oferecer ajuda
Identificar os sinais de alerta da depressão é o primeiro passo para buscar ajuda, seja para um parente ou amigo que esteja passando pela situação, ou para você mesmo. Para quem quer oferecer apoio, o importante é demonstrar empatia e ouvir ativamente os anseios da pessoa, sem julgamentos. Também é É fundamental procurar atendimento psiquiátrico e psicológico — mesmo quando a pessoa deprimida se recusa a procurar ajuda.
“Lidar com um ente querido que se recusa a procurar ajuda pode ser desafiador, mas é importante abordar a situação com empatia e paciência. Ouvir sem julgar e oferecer apoio emocional contínuo, demonstrando que você está ali para ajudar quando a pessoa estiver pronta, pode fazer a diferença”, aconselha Mazzoni.
“No entanto, também é fundamental respeitar os limites dela. Incentivar a procura por um terapeuta pode ser um passo importante, oferecendo alternativas, como consultas iniciais ou mesmo opções de terapia online, que muitas vezes são mais confortáveis para algumas pessoas”, acrescenta.
No caso de pessoas que apresentam ideação suicida, é possível procurar centros de referência que possam oferecer atendimento e apoio emocional à pessoa. O Centro de Valorização da Vida (CVV)por exemplo, oferece apoio emocional gratuito e serviços de prevenção ao suicídio para pessoas que desejam e precisam conversar, de forma confidencial e anônima.
O atendimento pode ser feito pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia e gratuitamente, via chat, e-mail ou pessoalmente, diretamente nos escritórios do CVV (consulte o site para mais informações).
Além disso, familiares e amigos devem formar uma rede de apoio para pessoas com depressão e ideação suicida, conforme orienta Kanomata. “A rede de apoio pode ajudar a garantir que a pessoa seja ajudada, pode acompanhar a pessoa nas consultas psiquiátricas e médicas, ajudá-la nos cuidados domiciliares e nas práticas de autocuidado. Então, é importante ter gente nesse momento grave para garantir que o tratamento seja feito regularmente”, afirma.
Sinais de melhora do quadro
Os sinais de que o tratamento da depressão está surtindo efeito incluem, segundo os especialistas consultados, fatores como:
- Retomada de atividades que a pessoa gosta;
- Maior envolvimento social;
- Humor melhorado;
- Redução dos sintomas físicos;
- Aumento da disposição e energia;
- Melhor capacidade de planejar o futuro;
- Recuperar autonomia para as atividades do dia a dia.
“A continuidade da psicoterapia é fundamental para sustentar essas melhorias, ajudando a pessoa a manter as conquistas e a lidar de forma mais saudável com possíveis recaídas”, reitera Mazzoni.
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