SÃO PAULO (Reuters) – As taxas de curto prazo do DI fecharam em leve alta nesta quarta-feira, refletindo a alta nos rendimentos do Tesouro após dados de inflação nos EUA reforçarem as apostas do Federal Reserve em um corte de apenas 25 pontos-base nos juros na próxima semana.
O avanço das taxas curtas no Brasil causou um desvio da curva a termo, com as taxas longas terminando em território negativo.
No final da tarde, a taxa DI para outubro de 2024 — uma das mais líquidas atualmente, refletindo as apostas para o Copom deste mês — estava em 10,556%, alta de 2 pontos-base ante os 10,54% do reajuste anterior.
A taxa DI para janeiro de 2025 foi de 10,93%, ante 10,912% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2026 foi de 11,785%, ante 11,757%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,76%, queda de 4 pontos-base em relação ao reajuste de 11,801%, e o contrato para janeiro de 2033 teve taxa de 11,73%, ante 11,76%.
O principal acontecimento do dia foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA, que subiu 0,2% em agosto, após subir 0,2% em julho, segundo o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até agosto, o índice subiu 2,5%, o menor aumento desde fevereiro de 2021 e que se seguiu à alta de 2,9% em julho.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2% no mês e de 2,6% na base anual.
“A desaceleração da inflação acima do esperado não fecha a porta à possibilidade de um corte de 50 pontos-base na taxa, mas reduziu consideravelmente essa chance, aos olhos dos operadores do mercado”, avaliou Paula Zogbi, gerente de pesquisa e chefe de Conteúdo nômade, em comunicação enviada aos clientes.
Em reacção, as taxas de curto prazo do Tesouro subiram, com os investidores a reduzirem as apostas num corte de 50 pontos base nas taxas de juro dos EUA na próxima semana. Esse movimento foi acompanhado pela parte curta da curva brasileira.
“O rendimento do Tesouro sobe e impacta essa ponta mais curta (da curva brasileira). Isso também acaba ancorando a ponta longa da curva, que cai”, avaliou Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, durante a tarde. “Se você controlar mais a inflação agora, você também ancora os vértices mais no meio da curva e no longo prazo”, acrescentou.
Apesar do movimento no trecho vendido, a curva continuou precificando chances majoritárias de aumento na próxima semana de apenas 25 pontos-base na taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Perto do fechamento, a curva brasileira precificou 91% de probabilidade de alta de 25 pontos-base na Selic e 9% de chance de alta de 50 pontos-base. Na terça-feira os percentuais eram de 96% e 4%, respectivamente.
Pela manhã, o mercado também acompanhou dados sobre o avanço inesperado do setor de serviços brasileiro em julho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de serviços cresceu 1,2% em julho em relação a junho, ante expectativa de pesquisa da Reuters de queda de 0,1%.
Uma das percepções do mercado foi que o avanço no setor de serviços sugere pressões inflacionárias que, em última análise, poderiam sustentar uma política monetária mais restritiva por parte do Banco Central.
No exterior, o viés para os rendimentos permaneceu positivo no final da tarde. Às 16h33, o rendimento do Tesouro de dois anos – que reflete as apostas na direção das taxas de juros de curto prazo – subia 3 pontos base, para 3,639%. O retorno do Tesouro a dez anos – referência global para decisões de investimento – subiu 1 ponto base, para 3,652%.
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