A remuneração dos títulos públicos prefixados atingiu o máximo dos últimos 12 meses. Na quarta-feira (22), as ações atingiram rentabilidade de 11,89% ao ano no vencimento 2031, superando a taxa de 11,88% alcançada em 16 de abril. Também recorde para o Tesouro Prefixado 2027, que atingiu 11,15%.
Os retornos, que operam próximos da estabilidade nesta quinta-feira (23), são vistos com bons olhos pelos analistas ouvidos pelo InfoMoney para composição da carteira de renda fixa. Porém, mesmo sendo títulos públicos – o mais seguro do mercado – e diante de uma taxa crescente, esses títulos não são recomendados para todos os investidores.
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Vale a pena comprar?
O investidor que deseja garantir a rentabilidade de um investimento no Tesouro Direto não deve olhar apenas para a taxa atual. É preciso nos perguntar quais são as vantagens das taxas pré-fixadas versus as pós-fixadas (Tesouro Selic) e os títulos inflacionários (Tesouro IPCA+).
Para os especialistas, o atual nível de taxas prefixadas oferece uma vantagem sobre outros investimentos. “Se considerarmos uma inflação de 4% ao ano até 2027, esses títulos apresentarão um retorno real (após a inflação) em torno de 6,75% ao ano; neste caso, a remuneração parece oportuna”, afirma Fabrício Silvestre, analista de Renda Fixa da Levante Inside Corp. Hoje, o juro real oferecido pelos títulos do Tesouro IPCA+ é de, no máximo, 6,09% ao ano.
O risco para quem investe em taxas fixas é que as taxas continuem a subir. Se as taxas de juro destes títulos continuarem a subir, o investidor poderá perder dinheiro se sair antecipadamente do investimento e ainda terá um custo de oportunidade, preso a um retorno inferior ao que o mercado oferece.
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Embora pequena, existe a possibilidade de uma remuneração ainda maior com pagamentos fixos, admite Vitor Oliveira, especialista em renda fixa da One Investimentos. “Embora possa haver perspectiva de abertura nas curvas futuras pela falta de ancoragem das expectativas fiscais e isso possa fazer com que essas taxas aumentem no curto prazo, já estamos em bons níveis de prêmios para ativos fixos”, pondera.
A crença necessária
A diversificação é importante em qualquer carteira, mas, dados os riscos que os títulos prefixados oferecem, recomenda-se uma maior alocação nesses títulos para investidores com perfil de risco moderado ou ousado.
Além do perfil de risco, faz sentido investir em empréstimos com taxa fixa quando existe a crença de que as taxas de juros cairão no futuro. Afinal, se o seu cenário base é de aumento nas taxas de juros – ou, pelo menos, nas expectativas –, não faz sentido travar a rentabilidade no patamar atual oferecido pelo mercado, pois as taxas logo ficarão mais atrativas.
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“Os investidores precisam acreditar que a inflação permanecerá no máximo em torno de 4% ao ano, o que significa que esses títulos teriam rentabilidade superior aos indexados ao IPCA”, acrescenta Silvestre. “Além disso, uma melhora nas expectativas nos contextos doméstico e internacional pode favorecer um movimento no apetite ao risco e gerar retornos adicionais na marcação a mercado (vendas antecipadas)”, acrescenta o especialista.
Por fim, os analistas concordam que carregar esses títulos até o vencimento é interessante para reduzir o risco da carteira e ainda entregar alta rentabilidade. “Considerando que estamos num contexto de incerteza adicional, parece-me mais interessante transportar uma obrigação com maturidade mais curta”, afirma o analista da Levante.
Para quem pensa em comprar e vender antecipadamente, lucrando com a marcação a mercado, Oliveira recomenda ter uma carteira diversificada, com prefixos de carry e marcação a mercado: “hoje, tanto a estratégia de venda antecipada quanto a de carry são interessantes”.